In Company

Ao longo de nossos cursos e programas oferecidos no Brasil desde 2014,  com frequência muitos dos participantes traziam suas experiências e desafios do dia a dia nas organizações onde atuavam. Conforme as temáticas e metodologia trabalhados nos cursos passavam a influenciar e transformar as práticas desses profissionais, começamos a ser chamados para atuar dentro das organizações, facilitando workshops, conversas em torno de desafios complexos, e uma nova forma de trabalhar com mudança. Assim, uma nova frente de atividades começou a nascer na Escola Schumacher Brasil: o In Company. 

Essa atuação nasce a partir de uma comunidade internacional de profissionais e pesquisadores – a Schumacher Society, e dá continuidade ao legado de mais de 20 anos do trabalho da consultora e professora Patricia Shaw, co-fundadora do ‘Management and Complexity Centre’ da Universidade de Hertfordshire, na Inglaterra. Este centro é reconhecido por ter desenvolvido uma abordagem única para a complexidade no campo social, sob o nome de ‘complex responsive processes of relating’

NOSSA ABORDAGEM

A abordagem oferece uma perspectiva de participação que reconhece a realidade como sendo co-construída através da interação entre sujeitos e enfatiza a natureza imprevisível dos processos de relação humana. Nela, é preservada a premissa de que nós não somos externos aos modelos que desenhamos e que a realidade – da qual as pessoas da organização e suas relações fazem parte – não se encaixa em modelos pré-concebidos, por mais úteis que as metodologias e frameworks possam nos ser. Essa atuação acontece de diferentes maneiras, que poderiam ser resumidas em três frentes:

CAMINHANDO COM LÍDERES

um processo de consultoria que se difere de uma posição de especialista para, ao invés, caminhar junto com os líderes vivendo junto com elas os desafios e dilemas do dia a dia enquanto eles acontecem, fazendo sentido juntos sobre o que aconteceu e ampliando repertórios de resposta.

INICIANDO E SUSTENTANDO CONVERSAS

ajudamos pessoas em diferentes contextos de atuação e momentos de vida, como por exemplo um grupo de empreendedores buscando refletir sobre sua prática, a iniciar  e sustentar conversas que considerem importantes e que podem ou não tomar a forma de comunidades de prática*.

SESSÕES TEMÁTICAS

ajudamos pessoas e times dentro de organizações a fazer sentido, pensar e expandir a visão de desafios e situações reais à luz de uma série de temas como Ecologia Profunda, Complexidade, Fenomenologia, Economia para a Transição, que podem tomar formas diferentes, como por exemplo um workshop ou até mesmo participação em reuniões onde esses temas são relevantes.

NOSSO MÉTODO

Desenvolvemos, junto da comunidade internacional de profissionais e pesquisadores da Schumacher Society, métodos práticos de trabalho baseados nos seguintes aspectos:



CONVIDAR E ANFITRIAR

Nós prestamos uma atenção cuidadosa aos processos de convidar, conectar e de preparação através dos quais um encontro de pessoas se torna uma rede ativa antes mesmo de se encontrarem. Trabalhamos ‘iterativamente’ com as perguntas ‘quem somos nós?’ ‘o que está atraindo nosso envolvimento?’ e ‘que tipo de propósito compartilhado está emergindo?’

 ENCONTROS EXPERIMENTAIS

Nossas explorações se iniciam a partir do encontro prático e da experiência real com a situação em questão, e não apenas a partir de ideias, conceitos e modelos.

 NARRATIVAS DE ENTENDIMENTO

Incentivamos conversas que vão além das
afirmações opinativas, defesas retóricas e debate, convidando as pessoas a descreverem cenas e eventos críticos, revelando importantes distinções e discernimento que dão forma à ação concreta.

INVESTIGAÇÃO COLETIVA 

Desenhamos e facilitamos reuniões como oportunidades para investigação coletiva sobre tópicos que trazem diversos conhecimentos e interesses a questões complexas, exigindo assim uma inteligência coletiva ampliada para que se possa ver as possibilidades de novos
movimentos. 

DIÁLOGO ABERTO

Criamos espaços para comunicação atenta e espontânea, onde as pessoas se encontram dando voz àquilo que se quer sabiam que pensavam e sentiam, e nos quais a escuta genuína permite a revelação de novos significados.

USO AMPLIADO DE LINGUAGEM, METÁFORA E IMAGEM

 Equilibramos pensamento crítico e reflexão com modos de geração de conhecimento que são mais intuitivos, imaginativos e viscerais.

INFLUÊNCIAS

Nossa abordagem é situada no trabalho destes pensadores e profissionais influentes:

Patricia Shaw, com Ralph Stacey e Douglas Griffin no ‘Management and Complexity Centre da Universidade de Hertfordshire, com 20 anos de um programa de pesquisa de doutorado que tem desenvolvido um corpo de trabalho em ‘’complex responsive
processes of relating’ e emergência como um tipo radical de causalidade.

John Shotter em universidades nos Estados Unidos, Escandinávia e Reino Unido, baseado particularmente em Bakhtin e Wittgenstein para oferecer uma versão responsiva-retórica de construtivismo social que enfatiza a necessidade de ‘pensar com’ ao invés de ‘pensar sobre’ as complexidades sociais nas quais estamos imersos.  

Tim Ingold na Universidade de Aberdeen, desenvolvendo noções de formas dinâmicas de geração de conhecimento como a arte de ‘fazer’ sintetizada por diferentes campos antropologia, artes, arquitetura e arqueologia. 

Henri Bortoft, cujo trabalho é baseado na fenomenologia européia e os métodos científicos de Goethe, propondo abordagens que vão ‘upstream’ no vir a ser dos fenômenos de interesse, ao invés de trabalhar com formas culturais já finalizadas e completas, disponíveis ‘downstream’.

Hannah Arendt em seu estudo sobre a ação humana e tendëncia cultural em direção a confundir ação com o processo de fabricação, este último que desenvolvemos com o mundo do fazer, e que pode nos levar a um lugar de controle diante do que ela aponta como inerente à ação: sua imprevisibilidade e irreversibilidade. 

Norbert Elias, sociólogo alemão, que nos convida a notar a rede de interdependências que formam as dinâmicas configurações de nossa sociedade. Através de seu trabalho ele explora o que informa as relações de poder,  e enfatiza que a interdependência entre indivíduos nunca pode ser planejada ou antecipada por ninguém, mas que podemos estar mais atentos a sua existência e ao impacto que cada movimento tem nas dinâmicas configurações.

*O termo ‘comunidade de prática’ (em inglês community of practice) foi criado pelo teórico suíço Etienne Wenger, que o descreveu como ‘… grupos de pessoas que compartilham uma preocupação ou paixão por algo que fazem e aprendem a fazê-lo melhor conforme interagem com regularidade.