Nova turma: Observação de plantas, um treinamento do olhar

Refletindo sobre o sentido de oferecer um curso sobre observação de plantas, nesse desafiador ano de 2021 que está quase acabando, nos sentimos revigoradas ao sentir o quanto os momentos de quietude, de respiro e de aprofundamento da nossa capacidade de observar pode nos ajudar a seguir a partir de nosso pulsar mais essencial.

Muitos cursos são oferecidos para enriquecer nossos repertórios de conhecimentos, convites para nos atualizarmos e empreendermos. Como dar conta de tantas necessidades que verdadeiramente sentimos? Ou, como visitarmos esse lugar tão essencial em nós mesmos, a partir do aprendizado com as plantas, que nos ajuda a fazer escolhas genuínas, que nos orienta ao “menos é mais”?

Nosso olhar, treinado por uma visão de mundo reducionista e mecanicista – base de todo o sistema escolar e, portanto, de nossa cultura – vê as coisas como estáticas, definitivas. Nada mais irreal, seja para o mundo natural seja para todos os artefatos que fabricamos. Tudo, de verdade, está em permanente interação e transformação.

Para ir além do que percebemos corriqueiramente, propomos com esse curso um treinamento do olhar, para que se possa ir além da observação generalizada sobre os seres que nos cercam e entrar em contato com o processo vivo que (n)os formam.

O que podemos aprender com as plantas? Talvez a pergunta seja: COMO aprender com as plantas? Com menos certeza e mais abertura para a investigação, poderemos juntos explorar de forma gradativa, os aprendizados que emergem de uma interação cuidadosa e interessada com esses seres tão extraordinários que nos rodeiam.

As falas que nascem desse encontro já não são mais abstratas, mas expressam o contato direto e profundo com essa fronteira entre a experiência corporal e o mundo.

Todos nós podemos nos sentar e observar atentamente as plantas que nos cercam. Mas fazer juntos esse exercício, apesar de cada um em sua casa, amplia os aprendizados. Se não estamos sós quando mergulhamos na vida de uma planta e participamos dela, também não estamos sós quando nos abrimos para uma experiência coletiva que nos permite tomar consciência dessa mente que nos envolve, nos une e nos permite ampliar nossa percepção sensível da integralidade do mundo em que vivemos.

Como funcionarão os encontros?
Cada um de nós irá observar uma planta que possa estar ao seu lado durante as aulas. A cada encontro, após uma introdução dada pela professora Rita Mendonça, será proposto um exercício de observação criado com base em inúmeras experiências em diversas práticas que integram o campo das ciências holísticas. Os exercícios práticos serão realizados durante os encontros, simultaneamente, e na parte final de cada faremos um momento de troca e reflexão, de enraizamento e ampliação da aprendizagem a partir do olhar de cada participante.

Compartilharemos também algumas referências para estudo entre os encontros. Salientamos que daremos prioridade à aprendizagem a partir da prática, da experiência de observar, e que as referências deverão ajudar a ampliar e aprofundar a própria experiência, e não o contrário.

Se desejamos um mundo mais equilibrado para viver, que considere toda a dinâmica do planeta da qual fazemos parte, precisamos cada vez mais aprimorar a nossa prática, o nosso olhar, a nossa percepção, transformar a nossa mente para participar conscientemente do processo vivo que nos forma.

Material necessário: um vaso de planta, folhas de papel A4 e lápis. Um ambiente tranquilo para poder se aprofundar na observação.
*O curso terá um mínimo de 35 e máximo de 65 participantes.*

O curso será conduzido por Rita Mendonça e facilitado por Beatriz Tadema.

Sobre Rita Mendonça: Educadora naturalista, dedica-se à facilitação da aprendizagem com a natureza. É co-fundadora do Instituto Romã, coordenadora no Brasil da Sharing Nature Worldwide, professora e membro do coletivo da Escola Schumacher Brasil e idealizadora e coordenadora do curso de pós graduação A Natureza que somos-filosofias e práticas para uma atuação genuína no mundo. É escritora tendo publicado diversos artigos e livros sobre filosofias e práticas da natureza.

Sobre Beatriz Tadema: Beatriz é mestra em Economia para Transição pelo Schumacher College (Inglaterra), onde trabalhou como facilitadora junto aos mestrados de Ciências Holísticas e Economia para Transição. Hoje à frente dos movimentos da Escola Schumacher Brasil, atua como professora, facilitadora e consultora. Sua atuação é focada em processos de organização humana a partir de uma abordagem fenomenológica. Desde 2019 Bia integra a Schumacher Worldwide Research in Action Community, onde atua como pesquisadora.

Foto divulgação: Angélica Del Nery